terça-feira, 10 de outubro de 2006

AINDA...






Ainda que nada
se faça pronunciado
como se longas
mãos
cálidas
pendessem
desmaiadas
pelas pontas
nas fronteiras
dos punhos do silêncio,
abelhas frias
ferroteiam
arrepios
sob a lã
à beira
de rubra lenha.

>*<

Na conjuntura
em que lua nova
e a derradeira
terça de junho
se olham,
despedem-se
do canteiro
a última folha
do tinhorão
machetada
de vermelho
os casais
de andorinhas
os aguaçeiros
o gasto ancinho
e um regador
de jorrar sonhos;
mesmo que ainda um
roer
se repita
no fundo
do plexo-solar
lá, no oco
da barriga
velha fisgada
se arda, monótona
tal fosse
vigente
um verão
nos trópicos.

>*<

Enferrujam-se
no tom cobre-rangente
do desuso
os gonzos do portão;
embora sempre ilumine
branqueie o degrau
desvende curva
e rachadura,
a luz acesa
ainda, aquela
no alto, na aléia
e sobre o mato
cobrindo o chão.


>*<

IMAGEM:
Foto de Dirk Vermeirre




3 comentários:

Anônimo disse...

C'est magnifique.

Merci Ney Maria

Anônimo disse...

Oi, NeyMaria!

Fico feliz que tenham sido bons encontros. Estou aqui para agradecer sua visita e suas palavras. Muito obrigado!
Aproveitei para dar uma olhada em seu blog e vi que tem uma seleção estupenda de poesias. Tem uma, chamada "A caminho do tricentésimo sexagésimo grau... " que, se não me engano, é de sua autoria. Parabéns, pois tem beleza naquelas palavras...

Bons ventos!

Anônimo disse...

Ola,
fiquei surpresa em encontrar palavra tão linda como a sua. Fazia algum tempo que esta alegria não me acontecia. Voltarei aqui sempre. Abraço.