quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

QUARTA MANHÃ DE CINZAS

Imagem: foto de David Fokos, no sítio davidfokos.web.aplus.net





SONHAMOS

UM SONHO IGUAL.


EM HORAS QUE, A MANHÃ, LUZ

NEM MESMO A ALCANÇARA, NOS DEMOS

COM O ESTADO DE COISAS

SEGUINTE:

CHEGARAMOS, OS DOIS,

EM CRUA SURPRESA,

UM AO, D'OUTRO, PASSADO.


E, DELE, UNICAMENTE

NOS VIMOS PARTE,

AMBOS, NELE, ENLEADOS

A NOS VER FACE A FACE.


ATRAVÉS DA NÉVOA AMANHECIDA EM

UM DESTES ONTENS,

RASTEJANDO, O AMOR

SE FORA.

CALADO,

O CANSAÇO DOS PREGADORES

SEM PÚBLICO

ÀS COSTAS DESCARNADAS,

AGONIZANTE POR DESCASO,

FORA-SE EMBORA

DESPERCEBIDO

TAL QUE, TANTOS ONTENS, E NEM ASSIM

NOS DERAMOS CONTA.


AO MAL AMANHECIDO HOJE,

NA COPA DESACONCHEGANTE,

À LÂMPADA FLUORESCÊNTE

ENCONTRAMOS - DOIS PONTOS, A SABER -

: A RAIVA

SUBINDO DO FERVIDO LEITE,

LAMBUZANDO AS TORRADAS,

RÂNCIDA MÁGUA,

RANCOROSO, O CAFÉ COM AMARGA OFENSA.


SENTADO À MESA,

E JÁ FAZ TEMPO GRANDE,

INOBSERVADO,

O DESAFETO.


ESTE, BEM CEDO, NEM BEM RAIARA,

DESCOLORIDA,

CERTA MANHÃ SOB LUA CINZA,

DEU-NOS,

NÃO UM BOM DIA, UMA VISTA

QUE REPINTARA, SIM,

ISTO ELE DEU.

DUPLICADA, FICOU

NOS TRAVESSEIROS.


SEQUENTE, EM HORAS QUE, LUZ,

SEQUER FORA ALCANÇADA,

SUCEDENDO-SE IGUAL,

EMBRUSCADA E ÚMIDA,

NESTA UMA

SONHAMOS O PARAISO

NA COINCIDÊNCIA

DO LONGE MAIS

LONGE DAQUI.
Ney Maria Menezes