sábado, 7 de outubro de 2006

Meio-Termo * Letra: Antonio Carlos F. de Brito/Cacaso Música: Lourenço Baeta Canta: Elis Regina


Ah! Como eu tenho me enganado
como tenho me matado
por ter demais confiado
nas evidências do amor
Como tenho andado certo
como tenho andado errado
por seu carinho inseguro
por meu caminho deserto
Como tenho me encontrado
como tenho descoberto
a sombra leve da morte
passando sempre por perto
e o sentimento mais breve
rola no ar e descreve
a eterna cicatriz
mais uma vez
mais de uma vez
quase que fui feliz
A barra do amor
é que ele é meio ermo
a barra da morte
é que ela não tem meio-termo.
no album "Transversal do Tempo"
Opção para ouvir:
IMAGEM:
Auto-retrato de Frida Kahlo

Aparição amorosa * Carlos Drummond de Andrade


Doce fantasma, porque me visitas
como em outros tempos nossos corpos se visitavam?
Tua transparência roça-me a pele, convida
a refazermos carícias impraticáveis: ninguém nunca
um beijo recebeu de rosto consumido.
Mas insistes, doçura. Ouço-te a voz,
mesma voz, mesmo timbre,
mesmas leves sílabas,
e aquele mesmo longo arquejo
em que te esvaías de prazer,
e nosso final descanso de camurça.
Então, convicto,
ouço teu nome, única parte de ti que não se dissolve
e continua existindo, puro som.
Aperto...o quê? A massa de ar em que te converteste
e beijo, beijo intensamente o nada.
Amado ser destruído, por que voltas
e és tão real assim tão ilusório?
Já nem distingo mais se és sombra
ou sombra sempre foste, e nossa história
invenção de livro soletrado
sob pestanas sonolentas.
Terei um dia conhecido
teu vero corpo como hoje o sei
de enlaçar o vapor como se enlaça
uma idéia platônica no espaço?
O desejo perdura em ti, que já não és,
querida ausente, a perseguir-me, suave?
Nunca pensei que os mortos
o mesmo ardor tivessem de outros dias
e no-lo transmitissem com chupadas
de fogo aceso e gelo matizados.
Tua visita ardente me consola.
Tua visita ardente me desola.
Tua visita, apenas uma esmola.
IMAGEM:
foto de Shomei Tomatsu
da Exposição "Skin of the nation"
no San Francisco Museum of Modern Art,
no sítio corcoran.org

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

Le revê d'Yadwiglia


Yadwiglia dans un beau revê
s'étant endormie doucement
entendait les sons d'une musette
dont jouait un charmeur bien pensant.
Pendant que la lune reflète
sur les fleurs, les arbres verdoyants,
les fauves serpents prêntent l'oreille
aux airs gais de l'instrument.
Poema e pintura
de
Henri-Julien Félix Rousseau
Consulta: