sábado, 31 de março de 2012

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imagem via www.healthdoctrine.com

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DO QUE ME COUBE

 Coube-me a casa,
onde há sobra
de espaço, onde há
camas e coisas de antes
lá no despejo;
 ficaram pais,
ficou irmão, como
  nomes  em documentos,
como a intuição
Caixa de texto: de que poderia a paz
ser um presente.

Frente ao que assim
se impôs, a paz
 - quis crer – também
 seria deitar,
 recolhido entre
 doze dobras da noite
  e o fim do tempo, só,
  em benéfica falta
de cores, comoções
ou movimentos.

Vou conservando
a minha crença
 recolhendo a mim mesma
à sombra
 que não tem chave,
não abre  janela,
e falo apenas
por signos mudos,
para não se ir
a calma,
nem despertar
nenhum
agudo grito.

Coube-me a pá
com que fazer descer
o pó até coser-se
às bordas a coberta,
até ater-se,
definitivamente,
tudo a seu termo.
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Santana de Parnaíba
28/03/2012
NeyMaria Menezes