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Imagem: pintura de Ans Markus
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Amigo
gostaria agora
de falar-te...
digo melhor,
exatamente
não agora,
desde mais dias,
pedindo,
me vinha ao peito
uma ternura...
no entanto,
todavia...som
ou letra alguma
a traduzia.
Deixa-me agora
contar o que,
em mim, pulsava;
dores, eu e tu
e nós delas sabemos
como as suas garras
nos despedaçam.
Fica isto por escrito e,
sem mais comenta-las,
vou ao sentimento:
uma alegria,
apesar do sangue na faca;
e a despeito de que pareça,
todavia, não é incongruência.
A linguagem permite
nela se desdobrar
o tempo;
ontem te oferecia
menos do que mereces,
hoje me alegro,
pois estais liberto;
germina agora
o merecido,
então me alegro
pois amanhã
te alcaçará
a tua alegria!
Santana de Parnaíba
outubro 2011
Ney Maria Menezes
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