*Imagem de Jarek Kubicki
Na fotografia
não identificada
só reconheci
o rosto e seu riso
na boca. A moça,
olhei sem ter conta
de quantas olhadas,
ora bem de perto,
ora me inclinava,
mas nada mais saiu
lá de trás das sombras.
Enquanto negava-se
a palavra a vir
e ver-me,
sentia-me pisando
uma areia traiçoeira.
Eu, que escrevo
com lembranças,
via que perdida estava
para a escuridão
desse lapso
a recordação que descia
por ladeira abaixo
c’o nome do rosto,
os feitos da moça,
e junto também
se ia
um novo pedaço
daquilo que
me supunha ser.
*
Santana de Parnaíba
8 de março de 2012
NeyMaria Menezes