sexta-feira, 22 de outubro de 2010

AS PALAVRAS E AS ROSAS/ AUTOGÊNESE

*Colagem com fotos da web - uso n'ao-comercial
os direitos s'ao dos autores dos originais 



*
Eugénio
- embora, da mãe à luz,
haja vindo quando,
em janeiro, é dia
do José de Maria, dois santos,
o homem e a mulher -
batizou-se
Eugénio,
o bemnascido
de si mesmo, o Andrade
que podia Andrade
escolher-se,
pois as palavras,
sendo-lhe familiares,
elas, tão igual
a rosas lhe apanharem,
também, de seu,
apurando o som, fosse
grito ou sussuro, e
delas, feridas suas,
                                           o sangue aparando-lhe,
                                          ao o transferirem
                                             a carne da poesia,
                                              pai, o pariram.



Santana de Parna[iba
outubro de 2010
NeyMaria Menezes



domingo, 17 de outubro de 2010

AS PALAVRAS

*
FOTO DE DIVULGAÇÃO 


* 
 

As palavras

Eugénio de Andrade
 


São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

*