Image by Erick
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ÚTERO
Para Mãe
Ainda te sinto, antiga dependência
Velho quarto com hálito de coisas
Flores murchas pisadas passadas
Quando os amigos flutuavam
Em minha trajetória.
Ainda te sinto, cubículo abandonado
Em plena viagem marítima pela tarde
Onde o sol banhava-se de sono.
Teu corpo era um só segredo
Revelado numa noite
Descontroladíssima.
Despertei com o ruído (quantas vezes?)
De teus sonhos. Tu me abrigavas
Teu teto me iluminava e teus pelos
Encerravam-se à sombra de possíveis
Chuvas, e outras coisas do tempo
Litoral.
Tuas mãos agitavam-se na limpeza
Contínua das paredes riscadas de projetos
E já antecipavas a viagem do mistério
Decifrado. Ainda te sinto, antigo quarto.
A porta, entreaberta, range ao sopro
Do idioma mal pronunciado.
(México, DF, 1977)
*
Poema lido no poema.net
http://www.algumapoesia.com/
*
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