sábado, 15 de maio de 2010

ÚTERO _ Plínio de Aguiar

  Image by Erick
 postada por Skip no sítio http://www.pixdaus.com/



ÚTERO




Para Mãe



Ainda te sinto, antiga dependência

Velho quarto com hálito de coisas

Flores murchas pisadas passadas

Quando os amigos flutuavam

Em minha trajetória.



Ainda te sinto, cubículo abandonado

Em plena viagem marítima pela tarde

Onde o sol banhava-se de sono.

Teu corpo era um só segredo

Revelado numa noite

Descontroladíssima.



Despertei com o ruído (quantas vezes?)

De teus sonhos. Tu me abrigavas

Teu teto me iluminava e teus pelos

Encerravam-se à sombra de possíveis

Chuvas, e outras coisas do tempo

Litoral.



Tuas mãos agitavam-se na limpeza

Contínua das paredes riscadas de projetos

E já antecipavas a viagem do mistério

Decifrado. Ainda te sinto, antigo quarto.

A porta, entreaberta, range ao sopro

Do idioma mal pronunciado.



(México, DF, 1977)

*
Poema lido no poema.net
http://www.algumapoesia.com/






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