*
da coleção
Peaple of the labirinth
de Erwin Olaf
via nãotenhovidaparaisto.blogspot.com
*
Recitativo para cordas,
martelo
e voz metálica
* SÉRIE
Assombros
da crueldade sem sutileza
* EPÍGRAFE
"...eu quero ter a sensação
das cordilheiras
desabando sobre as flores,
pequeninas e rasteiras..."
Trecho da canção
"Cordilheira", composição
de Paulo C. Pinheiro e Sueli Costa,
do repertório da cantora Simone
I
Azulinas, as campânulas
agarradinhas a seus galhos
procumbentes, lhes oferecem,
entre as pétalas, uma casa
aos insetos, às aves,
um prato cheio;
absolutamente sem custas.
agarradinhas a seus galhos
procumbentes, lhes oferecem,
entre as pétalas, uma casa
aos insetos, às aves,
um prato cheio;
absolutamente sem custas.
Quando - a procura de caça -
levantam vôo,
os grandes pássaros,
felinos devoram suas crias,
servidas quentes
em ninhos caprichados,
dispostos pelas ramas
olorosas das laranjeiras;
nutrição - repasto à comensal - é
também ordem de passagem pelo tempo.
Escondem-se, no escuro,
as aranhas, à espera, e
fora, salta o olho maior que o estômago;
há estracinhados e
muares no furor de um embate,
como ontem,
hoje e
amanhã, e amanhãs,
novamente...
...se reproduzirá outra disputa, se por
mando de grupo,
vaidade,
se ouro ou vontade de pisar
indefesos porque, com eles,
se pode;
Infecta, o mijo do rato,
o riacho, a sarjeta,
um bueiro
onde dormem meninos
paridos milagrosamente
pelo ventre d'uma calçada,
d'um pai sem endereço; crescem
vilas, distritos, cidades diversas,
por cima das juçaras,
jatobás e roças de milho,
por cima das mandiocas
plantadas
por mulheres da tribo extinta.
mando de grupo,
vaidade,
se ouro ou vontade de pisar
indefesos porque, com eles,
se pode;
Infecta, o mijo do rato,
o riacho, a sarjeta,
um bueiro
onde dormem meninos
paridos milagrosamente
pelo ventre d'uma calçada,
d'um pai sem endereço; crescem
vilas, distritos, cidades diversas,
por cima das juçaras,
jatobás e roças de milho,
por cima das mandiocas
plantadas
por mulheres da tribo extinta.
Se repetem, outra jornada,
mais um crepúsculo.
Suas clarezas, pousam, as garças,
em tonalidades profundas
de entrançados troncos
com os pés n'água.
Vagarosamente de volta à infância,
a chama rútila,
desalumbrando o horizonte, pousa
dourado, à ocidente;
há, mesmo agora,
da classe dos mamíferos,
algumas aleitando
o filhote, enquanto
nina a tarde expirante,
a noite, prestes, em domínio...
...ladram, cães, aos cavalos
pelos altos do monte;
elegantes, sequer erguem os olhos,
e pastam, ignorando-os.
A vida
acorda brutal e bela,
desprovida de preferências,
e transita, a cada dia,
absolutamente sem dó.
Como, ela, lha sabem,
os séculos.
*
Santana de Parnaíba, 2009
Ney Maria Menezes
*
Painel
com a foto da menina Kim Phuc por H.C.Nick Ut
e do Body painting festival de 2007 por
Joachim Bergauer
*
R
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