sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A F L U Ê N C I A

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Imagem:
Alice vs. Lolita, de Oleg Kulik







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I
Y SE ME ANIDA EN EL ESTÓMAGO
SE INCIERRA Y GRITA
HASTA DOLERME
HASTA LLEGAR A LA GARGANTA
..................................
trecho do poema
"Sombras Interiores",
de Miraceti Jiménez



AFLUÊNCIA



Move-se
a roda em
um giro - óbvio -
à um lance da sorte,
da qual, nem há provas; daí,
na duração do que fora dúvida
se, expô-lo, deveria
por ventura,
tudo
ingurgita-se,
entrava, estoura,
por inteiro
se descontinua e,
de inopino,
vira o remo,
faz a mira,
corta a rotina e
traça a curva,
leva o barco
para cima
e para fora. Aquilo
que, até antes,
acoçara,
a que se lho desencaste, urge,
se o conduza para o pojo,
a um destino necessário.

Do cais, o que, destorcido,
necrosando,
conservara-se,
bem feito, é um endereço
a enviá-lo.

Desamarfanhado
e, por conseguinte,
alinhado em reta,
parte, põe-se à campo,
avança, vai à praça,
afirma, enfrenta,
topa o tranco,
apanha, dá o troco,
resiste, sustenta,
banca o jogo,
rompe o cerco, mede força,
escora, aguenta fogo;
lava as chagas,
enterra os mortos.


Ao ar livre, a seu lugar,
aí, um sol retorna.



Ney Maria Menezes
Santana de Parnaíba, 2008








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