sábado, 30 de janeiro de 2010

LABIRÍNTO

museu Guggenheim
foto de Dmitri Kessel




Houve um moço, Dandala,
só que veiu-me este fado
nas horas em que mais não pude,
por ele, esperar.


O moço, Dandala, o vi,
só que pouco, conquanto
no todo,
o vi; primeiro, de relance,
pela volta do dia,
um dos votivos,
desses enfeitados por conta
das festas
ao Deus-Menino.


Sem que esperasse
o vislumbrei
- se diria, foi relâmpago -
nítido porém, soube,
chegou.
O mui benigno,
o reconheci pela mão,
a rosa clara estando nela,
e, por se lhe engastar
ao peito um raio azul,
aquele augúrio
que fez cinco anos,
o que a mim
soara, em verdade, equívoco,
ali mesmo,
qual vaticíneo mostrou-se.
Previsto, e no entanto
surpresa,
encontrou-me.


Enquanto em seus olhos estive
um ciclo de festas e rezas,
em meus sonhos esteve. Estes,
jamais ele os deixou.
Só que
- contratadas desde antes - fora-nos
marcada
e empenhada, data e
palavra,
a horas já mui atrás.


Houve um sonho, Dandala,
só que, pra fora do desígno, ao seu avesso,
em vivo, não vingou.


Idas e vindas, quantas somam
as tantas que tem desenhado,
ainda, o tamanho do meu caminho.
À mão livre, caminha meu desenho
por mal - traçadas linhas.
Comum. O tropeçar nos traços é
bem o que há de mais normal.


Feito teatro mambembe
com violeiro e
atriz, feito isto,
a vida fosse
palco de um show
e o itinerante
artista
ora de mudança, ora um
tempo, morador, daí
num repente, o avião,
nova estadia
e logo a estrada interurbana,
a volta,
vindo o outro pela costa,
a vicinal,
para o campo se indo um,
paralelas, uma e outra.
Foi neste passo
que o viver se encenou.


Deste jeito andarilho,
milhas e terras, um
sem prazo definido, o outro,
águas e jeiras
sem pouso fixo,
e no salão,
em desafino de
sopros e teclas,
dançar sozinho
nos foi sempre a única certeza...


Houve um noivo, Dandala,
só que um, o outro não mais o achou.
Andantes = distantes. Foi como foi.


O que foi, Lauredana,
se assim ou assim é que não foi...
quiça até possa,
tenha, o inverso,
acontecido,
ou seja,
visto que, do outro,
não houve quando, à face,
retornar, um

foi e fez

a via que lhe coube; veiu o outro e
refez mais uma e muitas,
só que, encruzilhada
ou entroncamento
onde, consigo, um
reatar,
nunca se deu
à circunstância.
Teria a ver, o
contrário mal-sucesso, com
caixas e malas
sem número,
local
além do cálculo.


*

Ney Maria Menezes
Santana de Parnaíba, 2008





Gare de St Lazare

via sítio da-vinci-code-paris.com
















































































Nenhum comentário: