sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

FALTA-ME A PALAVRA

Imagem: cena do filme Dark Water
(no sítio filmstar)

Suíte
Do Construto
Palavras são tecidas
para que se dispa,
a lua, de
seu luto.
Uma palavra,
a perdi - sábado,
creio - ao cruzar
sala e cozinha.
E, com certeza,
fora valiosa!
Compromitente,
o olho da escolha,
ao que fazer
do estar no mundo,
mo engajou e a usança,
compos-me ela.
De modo algum
a ter achado,
hoje ainda,
lastimo tanto.
Busca baldada,
no ar, esvaeceu.
Murcho, o vínculo,
não veiu e já não a
pronuncio; nem
mais me é vocábulo,
saiu, secou-me,
de mim, partindo.
Desde então - noto -
foi assim, a cada
extravio, como
me diminui.
E vigorosa,
face à esta, outra
nenhuma! Sóbria,
mas incisiva
e conducente,
até ontem,
fora utilíssima
lexia.
Das letras
ora migradas
para a distância
do nunca ao insólito,
das estrangeiras,
o esvaido préstimo,
não acá
lhe teço queixas.

Ao desarrimo,
sim, um exílio
que sobreveiu ao
deixar de ser
com alegria,
o lha poder
viver,
pedra de toque.
*

Ney Maria Menezes
2009
Santana de Parnaíba








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